Na sala de jantar tem uma bola de futebol de salão, das antigas. Murcha que só ela, ao pé da mesa de madeira maciça. Está ali já há muitos anos. Uns quinze anos, mais ou menos. Sem exagero. Fica sempre por ali. Ora um pouco mais para lá, ou mais para cá; às vezes, encostada ao pé da mesa; outras vezes, mais próxima da parede. Vai variando de lugar conforme é movida nas varrições cotidianas do piso que inadvertidamente a sustém. Ber e Raul sempre toleraram; nunca reclamaram e nem fizeram menção de tirá-la dali. Nunca falaram nada, nenhuma oposição. Compreendem, creio, que ela mantém vivos na minha memória os divertidos e distantes tempos de peladeiro. Simboliza um gostoso passado.