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Despretensiosos e singelos: é assim que vejo minhas crônicas e meus contos. As crônicas retratam pedaços da minha vida; ora são partes da ...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Conto - O inverno do capitão

 

Quem o vê, e são poucos os que agora conseguem vê-lo rastejando informe e desengonçado pelo gramado nas imediações do palácio presidencial que lhe fez as vezes de covil nos últimos anos, não consegue sequer imaginar que esse ser rastejante é o mesmo que governou o país com mãos de ferro e envoltas em sangue até há poucos meses.

domingo, 11 de dezembro de 2022

Crônica - Balada para un loco

 

As tardezinhas de Buenos Aires têm essas coisas ... sei lá o que, sabe? De repente alguém sai pelas ruas e se vê a si próprio surgindo de trás de uma árvore: mescla rara de astronauta que voltou de Vênus e acróbata que tem as rosas da camisa desenhadas sobre a própria pele; meia melancia na cabeça, meia-sola nos pés, o semáforo da esquina lhe saúda com luzes celestes.

sábado, 19 de novembro de 2022

Crônica - Bugre

 

Bugre era o apelido carinhoso de um vizinho na minha infância. Sua aparência física, rosto imberbe, a voz aguda e a (bonita) cor da pele justificavam a alcunha. Descendia dos caingangues, creio, que habitaram a região até o final dos 1800. Homem de fibra, traços fortes, de afável e educado trato, sobrevivia de aposentadoria após ter trabalhado na antiga Sorocabana. Na manutenção dos trilhos, percorria longas distancias pela zona rural, onde a vegetação nativa ainda estava preservada.

sábado, 22 de outubro de 2022

Resenha - Língua perdida

 

No geral, até que gosto de ler resenhas de livros, filmes, shows e sobre o que mais se me apresentar. Eu mesmo não sou dado a fazê-las. Nunca fiz, que me lembre. Abro uma exceção, agora, diante do Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, com que Raul, meu filho, me regalou. Espero que o meu imediatismo não contamine o resultado final – mal terminei a leitura e já me pus a escrever, sem as reflexões mais aprofundadas que o romance merece. Não que eu queira um brilho vago nas redes sociais; antes, desejo apenas expor o meu apreço pela obra.

domingo, 18 de setembro de 2022

Crônica - Salto Carrapeta

 

Quando adolescente eu vibrava com as viagens de serviço que fazia, vez ou outra, para a capital paulista. Vestia o que tinha de melhor - e que não era muita coisa. Calça boca-sino, bordô ou algo bem parecido, agarrada nas pernas e que depois se abria, súbito, cobrindo os sapatos sem encostar no chão. Sapatos bicolores, preto e branco, sola-plataforma e com salto carrapeta, madeira à vista. Na moda.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Cartilha - Xadrez Legal

 

 

 

 

 

 

XADREZ LEGAL

O lúdico no aprendizado do processo civil





 

 

NOTAS DO AUTOR

Este texto foi produzido no correr de 2018 e ficou engavetado até agora, por absoluta falta de tempo para as revisões que se faziam – e algumas ainda se fazem – necessárias.

Resolvi agora, enfim, compartilhar a ideia de juntar duas ciências amplamente difundidas na história da humanidade, o xadrez e o direito, com finalidades pedagógicas e didáticas. Aqui está o projeto intitulado Xadrez Legal: nasceu simples e despretensioso, nos saguões da PUC Minas/Poços de Caldas, e se mostra viável como método para aprendizagens várias.

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Crônica: O

 

Anuncio de pronto, para que não fiquem dúvidas nem arrependimentos:- esta crônica contém material sensível. Todos os cuidados são necessários antes de empreender a leitura; e se optarem por ignorá-la, caros leitores, caras leitoras, garanto que não perderão absolutamente nada.

domingo, 10 de julho de 2022

Poesia - Virado de Saci

 

VIRADO DE SACI

- E aí, Zeca querido... Tem Virado de Saci, quer comer?

- Não conheço, meu Mestre. Eu nunca ouvi falar.

- Pois então, vem conhecer.

- Uai, se é bom, então deixe eu provar!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Poesia - Gargalhadas

 

GARGALHADAS

Príncipe de Embaré, Rei de Safira,

com capa e cartola fumo charuto.

De branco, preto e vermelho, soluto

sou sentinela, detesto a mentira.

 

domingo, 9 de janeiro de 2022

Crônica - Brega chique!

No excelente Verdade Tropical, livro de 1997, Caetano Veloso conta sobre a palavra brega, muito usada nos anos 1990 para definir algo espalhafatoso, chamativo ou de mau gosto. Segundo Caetano, brega é uma gíria baiana e significava, na sua origem, puteiro; foi cunhada a partir de uma placa de rua, Rua Manoel da Nóbrega, na cidade de Salvador ou Cachoeira, no Recôncavo Baiano.