Muros não fizeram parte
da minha infância; me lembro do nosso quintal quase todo cercado com três fios
de arame. Num ou noutro trecho havia bambus entrelaçados; às vezes, de espaço
em espaço, algumas ripas. Era o que dava para ter.
Seu Luís foi um dos nossos vizinhos, durante muitos anos. Entre o nosso terreno e o dele sobrava uma pequena faixa de terra, sem dono e sem ocupante. Meu pai e o Seu Luís nunca chegaram a um acordo sobre quem seria o proprietário dela; nenhum dos dois se achava dono do pedaço e nem queria para si aquela sobra de terreno.