Postagem em destaque

Sobre o Blog

Despretensiosos e singelos: é assim que vejo minhas crônicas e meus contos. As crônicas retratam pedaços da minha vida; ora são partes da ...

domingo, 30 de agosto de 2020

Poesia - Brincando de fazer soneto

O humanista e poeta Francesco Petrarca é um dos precursores do Renascimento Italiano (1304 – 1374). Petrarca inventou o soneto que, em apertado resumo, é um poema com 14 versos decassílabos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos; as rimas nos quartetos podem ser alternadas (ABAB – ABAB) ou opostas (ABBA – ABBA), enquanto que nos tercetos elas se apresentam alternadas (CDC – DCD) ou com outras variações (CDE – CDE, por exemplo).

Luiz de Camões, Bocage, Antero de Quental e Florbela Espanca, em Portugal, Gregório de Matos, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos e Vinícius de Moraes, no Brasil, imortalizaram o soneto na nossa língua. Luiz Roberto Judice e Maurício Baptista Vieira, hábeis poetas, seguem nos mesmos passos dos sonetistas precedentes, com excelentes criações.
Tenho vontade de publicar alguns sonetos do Luiz e do Maurício, aqui no blog; enquanto isso não ocorre, tomo coragem de publicar o meu. É um quase-soneto, na verdade, em que dialogo com o Tempo e faço singela homenagem a alguns dos grandes artistas brasileiros.

TEMPO

Terei tempo de entender os sonetos?
Tempo Rei, me ensinai o que não sei.
Veloz, que o tempo segue, já notei.
Grato! Dois quartetos e dois tercetos.

Fazendo contigo acordos diletos
o segundo quarteto estruturei.
De escansões e rimas outros farei.
Brincando vejo os quartetos repletos.

Um terceto para quem será dado?
Depois de Gilberto Gil e Caetano,
eterno Milton (Amado), Geraes.

No tempo o soneto foi recitado.
No terceto-fim, mestre soberano,
loas para Vinícius de Moraes.

7 comentários:

  1. Perdão aos leitores, mas fiz alterações na forma, por indicação do meu amigo Luiz Roberto Judice, a quem de público agradeço. Por falta de habilidade minha, permanecem as imprecisões na acentuação desse, repito, que é um quase-soneto. Abraços.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O soneto já está metrificado. Parabéns! Agora é só caprichar na acentuação rítmica...

      Excluir
    2. Sim, metrificado, com a providencial ajuda dos meus amigos (não é Luiz Roberto Júdice?); mas, acentuação rítmica... sei não... isso é para mestres. Por isso é que fiz um "quase-soneto". Abraços e sempre agradecido.

      Excluir
  2. Belo soneto, Parabéns !
    Justa homenagem aos nossos poetas !

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Clarice Villac. É sempre uma honra tê-la por aqui. Sim, creio que devemos homenagens para essas pessoas que nos encantam com a sua arte - aliás, em tempos de pandemia, elas é que nos salvam do tédio e nos dão alento. Forte abraço.

      Excluir
  3. Quando comecei a ter contato com a poesia acreditava que só os sonetos tinham valor rss. São lindos, realmente, mas optei pela liberdade ao escrever. O seu está muito bom, Ezio. Homenagem em grande estilo. Abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Marilene, que boa visita! Pois comigo foi diferente: só mais recente é que passei a ver a beleza da forma. Mas você tem razão e está mais atualizada, sem dúvida - os sonetos creio que já saíram de moda faz tempo; a poesia livre, sem rimas e sem métrica, é a que impera, como bem lembrou o meu amigo Luiz Roberto Júdice. Abraços.

      Excluir