Poesia - Viajante de linhas retas

 

Os viajantes da dupla Leonel Rocha e Campos percorreram uma grande quantidade de cidades paranaenses, em Paraná Querido, enquanto que os viajantes de Caetano foram de Santo Amaro da Purificação a Xerém, numa viagem interestadual. O mesmo Caetano, curioso e deslumbrado, botou-se ele próprio perambulando pelas esquinas concretas da Ipiranga com a São João, no fascinante centro de Sampa.

Raul Torres deu ao seu triste viajante a cidade inteira de Matão, para que ali ele pudesse chorar as dores de uma paixão sem fim; mais descolados, os viajantes da banda Mamonas Assassinas iam de Brasília Amarela até Santos e ali andavam e tomavam banho de mar pelados – e sabe-se lá o que mais faziam na baixada.

Os meus viajantes, Santino e Lurdes, foram mais longe, pelas linhas retas das latitudes e longitudes. Partiram de Ubirama, aportaram em Sampa e foram ao litoral do Rio; depois, subiram pelos arredores de Belém; voltaram para Limeira e agora fotografam pássaros em Avaré e no Paranapanema, mas não sem antes terem descido até Laguna e região. 

Ambos já pensaram, inclusive, pelos lados de Ponta Porã, mas apenas olharam para dentro do Paraguai. Por fim, ainda sonham com a mirífica mãe África, porque querem os quatro cantos do mundo. Eu deixo aqui alguma indicação de caminho para esses dois viajantes que mais parecem um só:

Se desceres para o sul, desde Ubirama,

terás Avaré, o Paranapanema.

Morretes, Antonina? Falso dilema,

de ambas verás gracioso panorama.

Queres além? Laguna e gelo polar!

Se subires para Ibitinga, Frutal,

Anápolis, Tocantins: Belém. Que tal

o Gander canadense? Sabes nadar?

 

Se marginares o trópico caprino

por Borebi, Ponta Porã, o poente,

em breve Orán, Pedro Valdívia, o Pacífico.

 

Se preferires o leste, peregrino,

Limeira, Queluz, Resende e mar em frente.

Na Namíbia, Gobabis, solo mirífico.