Estivemos na Comunidade Quilombo do Kalunga em duas ocasiões; foi onde comi o melhor frango ensopado, feito vagarosamente no fogão de lenha da casa do Seu Cirilo e cheirando a coentro fresco. Nos servimos diretamente do fogão: casa simples, piso de terra batida e bem cuidada. Um vez, com a Ber, Santino e Lurdes, em Janeiro de 2011; na segunda vez, com a Ber e o nosso querido Raul, em Dezembro de 2014.
Kalunga é a maior comunidade
quilombola do Brasil, no município goiano de Cavalcante, a noroeste da Chapada
dos Veadeiros e mais acima de Alto Paraíso. Uma longa estrada de terra nos leva
da cidade até o simpático povoado; dois riachos, sem ponte, assustam um pouco,
em épocas de chuva, mas nada que não se ultrapasse. O desconforto da viagem é
compensado pelas matas nativas e pelas belezas naturais da comunidade.
Ali estão lindas e imponentes
cachoeiras; duas delas, particularmente, chamam a atenção do visitante: as
águas, vindas de rios diferentes, caem de imensas alturas no mesmo poço e
depois seguem morro abaixo, juntas num único curso.
Conversamos com o Seu Cirilo, homem magro,
alto, de fala mansa e de olhar compenetrado. Líder comunitário respeitado, Seu
Cirilo nos contou, em 2011, histórias do seu povo, da sua gente; nos mostrou onde
o Presidente Lula passou um noite, dormindo no chão, em uma barraca de campanha
armada no campinho de futebol – foi quando da assinatura formal dos atos de
reconhecimento do Quilombo.
Seu Cirilo e seu povo também estavam
felizes porque tinham recebido, enfim, a tão necessária luz elétrica, levada
pelo Presidente junto com a titulação da área. Em 2015, também estavam felizes,
com escola para a criançada e posto de saúde funcionando regularmente, com
profissionais vindos da cidade.
Agora, 2020, uma excelente notícia:- a
liderança do Seu Cirilo deu frutos e Vilmar Kalunga acaba de ganhar as eleições
para prefeito municipal. Pela primeira vez os Kalungas, maioria absoluta da
população de Cavalcante, conseguem esse feito. Que bom, terão mais força para
resistirem à ameaça constante do agronegócio que os cerca.
Boa sorte e bom governo, meu povo. Se
der, qualquer dia desses eu volto para mais um papo e outro franguinho.
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