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Despretensiosos e singelos: é assim que vejo minhas crônicas e meus contos. As crônicas retratam pedaços da minha vida; ora são partes da ...

sábado, 12 de junho de 2021

Quase-soneto sem nome

 

Absorto, imerso nas lides recorrentes,

não me dei conta do horror que sobrevinha.

Sem nem olhar pra trás, um gelo na espinha,

corri sem ver as despedidas pendentes.

 

Xadrez na São Bento, lances inocentes.

Fixo na sala, o quadro branco definha.

Tudo some da mente que se abespinha:

nem sei das últimas estrelas cadentes.

 

Quando tristonho na madrugada insone

em ermo “Deserto de Neve” me vejo,

pronto quem me socorre é Tarancón.

 

Nas horas de banzo vou de Morricone.

E se me maltrata a lembrança do andejo,

procuro pelo Astor do bandoneón. 

2 comentários:

  1. Belo soneto, sugestivo, cheio de imagens, flashes deste cotidiano inusitado que estamos vivendo...
    Os tercetos com as referências musicais sugerem ritmos harmônicos do repertório de resistência interior... em meio a rimas raras, bem sonoras...
    Parabéns!

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    1. A arte é um bálsamo para a nossa vida; a música, em particular, é a nossa própria vida. Muito obrigado, Clarice Villac, pelas gentis palavras; muito me honra a sua visita.

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