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Despretensiosos e singelos: é assim que vejo minhas crônicas e meus contos. As crônicas retratam pedaços da minha vida; ora são partes da ...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Poesia - Soneto cheiroso

 

Li, no Facebook, um poema atribuído à Rob Goodwin. É sobre um bichinho deveras maltratado, vítima constante de uma canina perseguição – o nosso velho conhecido gambá. Típico da área rural, ele tem hábitos noturnos e é de todo inofensivo: não ataca as pessoas, não transmite doença alguma, não atira jato de urina e nem exala cheiro ruim, seja em que situação for; aliás, é tão cioso da sua higiene quanto o são os gatos. Mas carrega, infelizmente, uma injustificável má-fama, a ponto de ser perseguido até a morte.

Gostando de gambás, me permiti fazer uma adaptação daquele poema – e já me penitenciando, porquanto, não conhecendo o autor, não tive como lhe pedir permissão. Espero sinceramente que, se um dia souber disso, que me perdoe em nome do bichinho. Aqui está:-


Venho mudo, nunca te peço nada.

Sou tímido, como que envergonhado.

De tristes nomes me tens alcunhado

nesta curta vida, rara jornada.

 

Antes da minha morte anunciada,

Sem temor, quero ser acarinhado.

Ando nas sombras, quando não lanhado,

Por vezes próximo faço morada.


Da natureza de vossa mercê

Também tenho fome: busco teus restos

e do parco achado faço banquete.


Eis-me: gambá, saruê, sariguê.

Livras-me de desatinos funestos,

juntos teremos vida maluquete.




Foto: pinterest.com

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