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Despretensiosos e singelos: é assim que vejo minhas crônicas e meus contos. As crônicas retratam pedaços da minha vida; ora são partes da ...

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Crônica: O

 

Anuncio de pronto, para que não fiquem dúvidas nem arrependimentos:- esta crônica contém material sensível. Todos os cuidados são necessários antes de empreender a leitura; e se optarem por ignorá-la, caros leitores, caras leitoras, garanto que não perderão absolutamente nada.

Feio ou bonito, pequeno ou grande, cor de rosa ou escuro, liso ou áspero, limpo ou sujo, não importa: todos nós temos. E dele precisamos, diariamente, ou ao menos a cada dois ou três dias; dele sempre nos lembramos. Tem muitas serventias e, nesse particular, cada qual que faça do seu o que bem entender – absolutamente nada temos a ver com isso.

Dizem, inclusive que tem, tem medo. E como todos o têm, concluo que todos nós temos medo. Dizem mais, que quando o medo é excessivo, ficamos com ele na mão! Quer dizer, ficamos apavorados. Alguns, quando se assustam, ficam pasmados, dizem até que ele caiu ao chão.

Quem tem sorte é porque nasceu com o tal virado para a lua, como se o tivesse iluminado – apesar de que ele fica naturalmente escondido, onde não bate nem sol e nem luar. Uma grande amiga minha dizia, quando queria demonstrar a ignorância de uma pessoa: “Fulano, coitado, não sabe nem fazer o ó com o O na areia!!!”. Outra (agora ex-amiga) dizia: “Quem demais se curva, mostra o O” – e mal sabia ela que, tempos depois, viria, ela própria, a se curvar em demasia em uma manobra profissional reprovável (e eu é que não fiquei para ver o que ela mostrou; aliás, por isso que é ex-amiga).

Recentemente, uma famosa tatuou o dela e divulgou amplamente a existência da decoração singular. Foi o que bastou para que um sertanejo universitário, ignorando que deveria cuidar apenas do dele, logo se pôs a criticar a referida obra de arte. Coitado do ignorante:- as críticas ao alheio tatuado desembocaram numa grave demonstração de que estão usando o dinheiro público indevidamente, nos últimos anos, para bancar shows (de qualidade duvidosa) milionários em diversas cidades brasileiras, no mais das vezes em sacrifício das necessidades básicas da população carente. Uma verdadeira farra, como se o erário público fosse o O da Mãe Joana.

Tal episódio redundou em merecido arrefecimento destas gastanças e, claro,  enraiveceu os famosos que eram diretamente beneficiados – e também menos famosos que indiretamente delas se beneficiavam.

Em resumo, meter-se com o alheio não é de bom tom; nunca sabemos do que um O é capaz.


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