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Despretensiosos e singelos: é assim que vejo minhas crônicas e meus contos. As crônicas retratam pedaços da minha vida; ora são partes da ...

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Crônica - Girondino

 

Eis que o Girondino, restaurante tradicional do centro da Capital paulista, anuncia o cerramento das portas. Aberto em 1998, sucumbiu aos efeitos críticos da pós-pandemia. Pratos excelentes, preços moderados e um bom lugar para um requintado café. Situado na esquina das ruas Boa Vista e São Bento, do seu interior gostosamente decorado se avistava, pelas janelas envidraçadas, o imponente mosteiro de São Bento e todo o largo que se descortina a sua volta.

Ambiente agradável e intimista, local convidativo. Eu e Bernadete almoçávamos ali, nos recessos de meio e de fim de ano. Depois eu ia para o xadrez gigante ali na frente, e Ber, aos seus passeios preferidos. De tarde, voltávamos para um gostoso café e descontraído bate-papo, antes de caminharmos para casa, na Santa Cecília. Foi assim nos últimos anos anteriores à Covid. Agora já não é mais; nem o xadrez que a municipalidade bancava foi capaz de sobreviver.

O Raul, quando conheceu o Girondino, elogiou o local e a refeição, mas alertou que melhor seria se fosse Jacobino. Enfim, agora, nem alta e nem baixa burguesia. A Covid, como um Robespierre fora do tempo, impôs o terror.

Episódio interessante experimentei certa feita: minha amiga Teresa me apareceu, assim, de surpresa, adentrando ao Largo São Bento, na minha direção, dando-me um caloroso abraço. Ocorreu que ela estava almoçando no Girondino e comentou algum coisa com o Crippa, a meu respeito. E ele, como que em tom de deboche, apontou para a rua e disse: Vai ali e fala com ele. Claro, ela, pensando que se fosse brincadeira, não deu bola para a fala. E ele insistiu: Olhe lá fora. Vai lá. Ele está jogando xadrez, ali na praça.

São os encontros que a vida nos permite. Foi um encontro inusitado e gostoso. Aconteceu um mês antes da pandemia. Marcos Crippa e Teresa Alvisi, queridos amigos; Bernadete e Raul, queridos esposa e filho. Histórias que permanecerão, indeléveis.

 

                                                             Foto: Raul

2 comentários:

  1. Ezio, muitas e muitas vezes temos que nos contentar com as memórias. Pena, né? Abraço .

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  2. Guardamos na memória, na caixinha de riquezas. Abraço.

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