Postagem em destaque

Sobre o Blog

Despretensiosos e singelos: é assim que vejo minhas crônicas e meus contos. As crônicas retratam pedaços da minha vida; ora são partes da ...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Crônica - Crônica condensada

 

Quando criança, eu tinha amizade com dois vizinhos; eram dois irmãos, Laércio e Wilson, com os quais passava as tardes brincando pelas ruas da Vila Mamedina. Ambos me faziam uma inveja danada, periodicamente:- a mãe deles, Dona Teresa, na compra mensal de mantimentos, dava uma lata de leite condensado para cada um. Eles faziam um furo na latinha e saiam para a rua. Passavam a tarde toda exibindo o troféu para os que, como eu, não se davam ao luxo nem sequer de experimentar tal iguaria. Degustar uma lata inteirinha, sozinho? Nem em sonho!

Mais tarde, nos meus tempos de República, aprendi a fazer o pudim de leite condensado e então fui à forra! Fazia com boa precisão, deixava ele bem firme e elegantemente caramelizado. Aprimorei a receita diminuindo a quantidade de leite cru, e o pudim ficava mais consistente e mais saboroso ainda.

Alguém, então, me ensinou a cozinhar o leite condensado na panela de pressão. De fato, fica uma massa homogênea, endurecida e de cor amarronzada – uma delícia, enfim. Na primeira vez que me aventurei a tanto, tive uma dolorida experiência: como ninguém me ensinou esperar a lata esfriar, furei a dita cuja e recebi um jato diretamente na pálpebra direita, que me custou uma boa queimadura.

Coisas da mocidade, que ficaram para trás. Hoje já não tenho mais a mão adequada para fazer o pudim que antes ficava tão bom. Agora não dá o ponto certo e nem gostoso fica. Resta uma maçaroca aguada, disforme, difícil de apreciar. Tudo parece se desmilinguir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário