Ao abrigo do
escuro e do disfarce eficiente, nosso Reggy se esgueirava, resoluto e firme,
pelas calçadas até à casa da amante, Apolônia. Ali, a sós, ambos se deleitavam
a mais não poder. Um homem de meia idade e uma mulher jovem, inquieta e cheia
de vida, de apetites insaciáveis.
Apolônia
morava num sobrado antigo, em uma quinta que a família lhe deixou. No fundo da
herdade, havia uma edícula bem estruturada, com acomodações suficientes para os
encarregados dos serviços gerais; ao lado da edícula, um paiol de tábuas, para
o feno e rações, garagens para o carros do marido – sim, ela era casada! – e um
estábulo para quatro lindos cavalos, dois brancos e dois escuros, todos de
pelos reluzentes e cuidadosamente escovados pelo cocheiro da família. Tudo isso
envolto por extensos parreirais, de uvas brancas e rosadas para a produção de
vinhos.
Os idílios
amorosos ocorriam em variados cantos da propriedade: Apolônia recebia seu
consorte no luxo do quarto de hóspedes, bem ao lado do quarto do casal. Por
vezes não passavam da sala de estar, nas tardes de maior volúpia. Em outras
ocasiões, saciavam-se na edícula ou sob as parreiras, e – suprema aventura! –
até no estábulo, onde contavam com a tranquilidade dos cavalos, já acostumados
aos gemidos e sussurros dos amantes.
Apolônia era
uma mulher bonita, de corpo bem feito e atraente, casada há alguns anos. Uma
verdadeira dama na sociedade, respeitada por todos pelo comportamento sóbrio.
Jamais foi vista em lugares públicos a não ser junto com o marido. Mulher jovem
que, entretanto, detestava a monotonia da vida, quebrando-a mesmo que sob
certos riscos.
Não que
desgostasse do marido. Pelo contrário, até que se davam bem, mas os desejos de
aventura e o sabor da traição lhe falavam mais alto. Os encontros com Reggy lhe
soavam como um jogo, pois tinha plena consciência da delicadeza da sua
situação: se o marido soubesse, seria escândalo na certa. Ficaria marcada para
sempre na sociedade conservadora, por certo até abandonada por todos.
Apolônia e
Reggy se conheceram como que por acaso, num evento social, e a atração mútua
foi rápida. Foi ela quem tomou a iniciativa naquele jogo, convidando-o à sua
casa, nas tardes em que ficava sozinha – o seu marido, entusiasta do xadrez,
jogava todos os sábados, todos os domingos, invariavelmente!
O marido decerto era um algoz de Reggy no xadrez
ResponderExcluirNem tanto, Tadeu, vai vendo...
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